murais da igreja da Ribeira Seca
inauguração dos murais
Em 2012, aquando dos 50 anos da ordenação do Padre José Martins Júnior, a convite do Rigo 23, executei com ele um trabalho mural para a comunidade da Ribeira Seca (ilha da Madeira). Nós os dois crescemos na Madeira. Esta comunidade de cerca de 3000 pessoas viveu quatro décadas em circunstâncias especialmente difíceis no contexto madeirense. Resistiu às tentativas de alguns poderes instituídos de minar a sua organização comunitária e espiritual independente constituída em torno do padre, suspenso A Divinis (i.e.:"por vontade de Deus") pelo Bispo do Funchal em 1978. Ao longo dos anos, as acções contra a comunidade incluíram inúmeros gestos como: cortes da energia eléctrica; invasão ilegal da igreja auto-construída pela comunidade; a interdição de compra de sinos e hóstias; passagem no largo da igreja da imagem de Nossa Senhora de Fátima aquando da sua visita à Madeira, mas virando as costas ao povo e não entrando na igreja; omissão consciente do nome da comunidade na sinalização rodoviária. Nesse sentido, o mural de 5,5 por 13 metros inclui o nome da comunidade escrito numa dimensão que o torna visível de todo o vale. A imagem escolhida mostra também um canteiro de terra onde, além de marcarem presença as bandeiras festivas locais, num contexto nacional (crise de 2011) onde proliferavam as placas em sentido inverso, se pode ler a inscrição “não se vende”.
com o vale de Machico e a igreja como fundo, o transporte da peça central da instalação Isto o povo não esquece, de Rigo 23: uma escultura em pedra de uma Virgem que só tem costas.
ocupação da igreja (edifício à direita) pela polícia durante 18 dias e 18 noites, em 1985
início do mural
as bandeiras festivas da Ribeira Seca
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Em 2012 e no ano seguinte, convidámos também vários outros criadores para executarem obras em torno igreja, num total de oito murais.
Ângela Costa a pintar
mural de Cristiana Sousa e Hugo Brazão mesmo junto à igreja
video de Luis Tranquada sobre os murais da igreja da Ribeira Seca
alguns dos artistas dos murais, assistentes e Manuel Viveiros, um dos mais antigos e participativos membros da comunidade
video de Luis Tranquada sobre a montagem da peça "Isto o povo não esquece", de Rigo 23, que viajou desde o museu de Serralves (ao qual pertence) até à Ribeira Seca em 2012. A peça ficou instalada junto aos murais.
fotografias: Ana Marta e Daniel Vasconcelos Melim